DEFESA DA FE.


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vai começar o maior evento evangélico do ano

Nenhum evento será maior que o XIII Encontro para Consciência Cristã (que começa nesta semana em Campina Grande, Paraíba), por quatro motivos, os quais descrevo mediante quatro palavras: cristocentralidade, interdenominacionalidade, qualidade e quantidade.

1) Cristocentralidade. O tema do aludido encontro, neste ano, é O Retorno ao Evangelho da Cruz. O objetivo é conscientizar a igreja brasileira de que o Evangelho deve ser cristocêntrico, e não antropocêntrico.
2) Interdenominacionalidade. O evento é para todos os segmentos evangélicos. Todos os cristãos, de qualquer denominação, podem participar do encontro.
3) Qualidade. Os quase quarenta preletores fazem parte de um grupo seleto de expoentes da Palavra de Deus, conhecidos em sua denominação e fora dela como defensores do Evangelho da cruz.
4) Quantidade. Estima-se que cem mil evangélicos, em pleno período de carnaval, comparecerão ao evento.

Para saber mais sobre esse grande encontro, promovido pela VINACC, assista ao vídeo abaixo:


O evento começa nesta semana, dia 2 de março. Participe! A entrada é franca. Informações: http://www.conscienciacrista.org.br/.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Frutos de um país sensual

Publicado originalmente no Reforma e Carisma.
Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios. Por isso, a terra está de luto, e todo o que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar perecem.

Todavia, ninguém contenda, ninguém repreenda; porque o teu povo é como os sacerdotes aos quais acusa. Por isso, tropeçarás de dia, e o profeta contigo tropeçará de noite; e destruirei a tua mãe.

O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Quanto mais estes se multiplicaram, tanto mais contra mim pecaram; eu mudarei a sua honra em vergonha. Alimentam-se do pecado do meu povo e da maldade dele têm desejo ardente.

Por isso, como é o povo, assim é o sacerdote; castigá-lo-ei pelo seu procedimento e lhe darei o pago das suas obras. Comerão, mas não se fartarão; entregar-se-ão à sensualidade, mas não se multiplicarão, porque ao SENHOR deixaram de adorar. A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento.

O meu povo consulta o seu pedaço de madeira, e a sua vara lhe dá resposta; porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus. Sacrificam sobre o cimo dos montes e queimam incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, dos choupos e dos terebintos, porque é boa a sua sombra; por isso, vossas filhas se prostituem, e as vossas noras adulteram. Não castigarei vossas filhas, que se prostituem, nem vossas noras, quando adulteram, porque os homens mesmos se retiram com as meretrizes e com as prostitutas cultuais sacrificam, pois o povo que não tem entendimento corre para a sua perdição.

Ainda que tu, ó Israel, queres prostituir-te, contudo, não se faça culpado Judá; nem venhais a Gilgal e não subais a Bete-Áven, nem jureis, dizendo: Vive o SENHOR. Como vaca rebelde, se rebelou Israel; será que o SENHOR o apascenta como a um cordeiro em vasta campina?

Efraim está entregue aos ídolos; é deixá-lo.

Tendo acabado de beber, eles se entregam à prostituição; os seus príncipes amam apaixonadamente a desonra. O vento os envolveu nas suas asas; e envergonhar-se-ão por causa dos seus sacrifícios. (Oséias 4:1-19)
Países árabes em convulsão, discussão de salário mínimo, ameaças à Constituição...aposto com você que nenhum destes assuntos ganha do Big Brother Brasil em qualquer rodinha de conversa. Afinal de contas, nenhum assunto é tão importante a ponto de interessar mais do que um show onde você pode ver mulheres se beijando, transexualismo, pegação...e traições. E participar disso tudo é um sonho. Lembra de quando misses eram mulheres exemplares e deviam conservar a virgindade? Hoje, sonho de miss é  posar nua, e isso depois de trair o namorado em rede nacional. Tudo normal. Os que criticam são invejosos.

Na verdade há sim um rival: o Carnaval! Quer algo mais brasileiro do que mulheres seminuas rebolando em carros alegóricos? Os mesmos jornalistas que vociferam contra a corrupção e a criminalidade se derretem em elogios quando estão diante de uma passista. Assim como a imprensa acompanhou o drama do resgate de fluminenses desaparecidos nas enchentes que atingiram a região serrana do Rio, também foi dada ampla cobertura ao incêndio na Cidade do Samba. O que mudou foi só a velocidade com que veio a ajuda.

Qual o problema disso tudo? Será que eu tenho algum tipo de recalque sexual para falar negativamente de reality shows e de Carnaval? Bom, pode até ser...mas a verdade é que, ao contrário do que é ensinado por aí, a sensualidade é sim um sintoma de uma sociedade em decadência. Os comerciais de cerveja, a nudez carvalanesca, a pornografia...são coisas tão nocivas para o nosso país como o uso de drogas como o crack e os crimes. Acha radical? A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vai além, quando afirma que os reality shows brasileiros ferem a dignidade da pessoa humana.

Falta de conhecimento
Na verdade, há várias similaridades entre o Brasil do século XXI e Israel no século oitavo antes de Cristo, nos dias do profeta Oséias. Homicídios em alta, roubos...a criminalidade era algo comum. Perjúrios, mentiras, corrupção...tudo isso também estava na ordem do dia dos sacerdotes, dos príncipes do povo. Na falta de drogas pesadas, o álcool em excesso ajudava a completar os problemas israelitas.

E não faltava nem mesmo o ingrediente picante dos adultérios e imoralidades sexuais, inclusive alguns casos de incesto. Só que o profeta ao invés de comentar sobre a sensualidade com o olhar de aprovação do jornalismo atual, confronta a conduta de seu povo como sendo um pecado reprovável. Praticar a prostituição e o adultério é correr para a perdição (Os 4:14).

Mas a raiz de tanta iniqüidade é mais profunda. Israel não segue a verdade e o amor (Os 4:1), porque o povo não tem conhecimento de Deus (Os 4:1 e 6). Os sacerdotes abriram mão do seu dever de ensinar o povo e ele perdeu os referenciais de certo ou errado. Esqueceu-se de quem é o verdadeiro Deus, do que é bom e do que é ruim e por isso entregaram-se a todo tipo de pecado.

Por que o Brasil está igual a Israel de Oséias

A sensualidade tira o entendimento
E um dos ensinos que são perdidos é o de Oséias 4:11. A sensualidade é como uma droga. Assim como o vinho e o mosto fazem com que as pessoas percam o bom senso, falem o que não devam, dêem escândalos, vomitem e até matem...a sensualidade também desvia os homens (e mulheres) daquilo que é bom e correto.

Sensualidade aqui não é sinônimo de sexualidade, mas sim um tipo de comportamento e atitude mental que colocam o prazer sexual em evidência, estando acima de outros valores, até mesmo do casamento. Acontece quando a menina pisca pro namorado da amiga e também quando ele responde com um olhar lascivo. Acontece quando pais estimulam crianças de três anos a se beijarem e batem palma quando ela imita as dançarinas sensuais. Acontece quando adolescentes se vestem de forma provocante porque querem ser desejados pelos outros.

E é assim que nascem mazelas maiores. O adultério de hoje começa com a traição de ontem no namoro. As modelos que se masturbam numa câmera pública e beijam homens e mulheres começam com as adolescentes se vestindo para cativar os homens. A dificuldade em achar alguém pra casar e formar uma família estável é filha de uma geração que aprende sobre sexo vendo pornografia e achando que o legal é beijar sem compromisso (ficar).

Pense bem. Quem não é capaz de ser fiel à mulher que um dia disse que amava...como pode ser fiel ao povo que o elegeu? Se criminosos são fruto de famílias desestruturadas, por que ninguém aponta a sensualidade como culpada pela criação de um bandido? Sim...porque em uma sociedade onde os homens vão para a Bahia disputar quem beija mais...e as mulheres aceitam...como essa sociedade pode gerar casamentos onde haja fidelidade e uma família estável?

Mas, se é como era em Israel...onde as mulheres e as noras traíam e os homens saíam com as prostitutas de Baal (um deus cananeu)...que esperança há? Se a infidelidade é a regra em casa, só podemos esperar coisas piores quando se sai para a rua.

Você pode até achar tudo lindo, bonito e natural. Mas se parar e pensar...vai ver que a sensualidade ataca as relações humanas mais básicas. Ela destrói o amor...e também as famílias. Inclusive a vida de quem não tem nada a ver com o adultério dos pais.

O abandono de Deus
E como resolver tudo isso? Revertendo o problema mais básico de todos: o abandono de Deus. Brasileiros, israelenses e seres humanos de todas as épocas correm para o pecado por um motivo bem simples: eles abandonaram a Deus!

Pode parecer simplista, mas é verdade. A razão pela qual as pessoas são violentas, mentirosas, antiéticas e sensuais é porque elas amam mais estes pecados do que ao Senhor. Por que os poderosos no nosso país são corruptos? Porque o povo o é: nós somos como os nossos "sacerdotes", por isso eles são os nossos chefes. Elegemos aqueles que seguem o que nós amamos. O povo de Israel amava apaixonadamente a desonra tanto quanto os seus príncipes.

A pregação de Oséias denuncia este amor pelo erro. É por esta razão que Deus anuncia ter uma contenda, não só com os israelitas, mas com os habitantes da terra (Os 4:1). O abandono humano prejudica até mesmo plantas e animais (Os 4:3), se materializa em uma série de pecados e encontra o seu ápice na prostituição espiritual de Israel, ou seja, na adoração dos ídolos (Os 4:12).

Embora em seus dias a maioria da nação tenha ignorado os apelos do profeta, todavia um grupo se arrependeu. Essas pessoas entenderam que Oséias era um profeta de Deus e preservaram o seu livro. Alguns efetivamente deixaram os ídolos e permaneceram ao lado do Senhor. A profecia trouxe salvação a alguns.

Hoje Jesus prega a mesma mensagem aos que vivem no país do Carnaval. Por meio da Igreja, Cristo nos adverte que a sensualidade atenta contra a dignidade humana. Vou além: a sensualidade, o culto a deuses falsos (santos, orixás, guias...) ou não (dinheiro, sexo, poder, fama), a violência e a corrupção...todas essas coisas nos deformam e diminuem nossa humanidade. Abandonar a Deus é ser enganado (Os 4:12), é caminhar para um destino de destruição. Mas, se O amarmos novamente, Ele se dará a conhecer e seremos libertos daquilo que rouba o nosso entendimento.

Essa volta só pode ser feita por meio da fé em Jesus:
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. (João 14:6)

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (João 3:16-18)
Independente de sua religião, é hora de abandonar a sensualidade em sua vida. Hoje é o momento para compreendermos que a sensualidade é um pecado que traz morte e rouba o nosso entendimento, assim como acontece com as drogas. É a hora de levarmos a sério o protesto de Deus contra os nossos pecados e nos reconciliarmos com o Senhor, por meio de Jesus Cristo. Que Ele nos ajude a lutarmos contra o pecado em nossas vidas e em nossa cultura.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CRIANÇA É IMPEDIDA DE RECEBER SANGUE!



O desespero de uma família entre salvar a vida de uma criança de dois anos e o respeito a preceitos religiosos repercutiu na opinião pública de Altamira. A Justiça precisou interferir, a pedido da mãe, para que a criança recebesse uma transfusão de sangue, já que o pai do garoto é Testemunha de Jeová, religião que proíbe essa ação.


A criança de dois anos está internada na UTI pediátrica do Hospital Regional da Transamazônica desde o último dia 4. De acordo com o conselho tutelar, os médicos que atenderam o menino afirmaram que o estado de saúde dele é grave. Os exames comprovam anemia crônica, diarreia e desnutrição, o que exigia imediatamente uma transfusão de sangue.

Enquanto a conselheira tutelar Málaque Maud, que acompanha o caso desde o início, declarava o medo de que a criança viesse a morrer se não fosse feito nada, um documento foi feito pelo pai do menino e entregue aos médicos, declarando a religião dele e proibindo qualquer transfusão de sangue.


REAÇÕES


A decisão do pai do menino em não autorizar a transfusão provocou reações de revolta entre os familiares. A avó da criança acusou o pai de negligência e culpou a religião dele. “Será que Deus quer que o filho dele morra? Isso não é normal, não”.

Acionado pelo conselho tutelar, o juiz Geraldo Neves Leite, da Vara da Infância e Juventude de Altamira, decidiu pela transfusão, autorizando os médicos a tratarem o garoto mesmo contra a vontade do pai.

A transfusão foi feita logo em seguida à decisão judicial. A criança passa bem, mas deve ficar ainda por cerca de duas semanas no hospital, em observação.

O pai do garoto foi procurado pelo DIÁRIO, mas não quis falar sobre o assunto. (Diário do Pará)
http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-128069-+CRIANCA+E+IMPEDIDA+DE+RECEBER+SANGUE.html

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fuja da Idolatria - John Piper


Deliciando-se com a criação sem cometer idolatria

Isso na verdade faz parte de uma pergunta muito maior, que é: Como uma criatura pode desejar e alegrar-se na criação sem cometer idolatria (que é adultério)? Para alguns essa pergunta pode parecer ser impertinente. Mas para pessoas que anseiam cantar como os salmistas, ela é muito pertinente. Eles cantam assim:

Quem mais tenho eu no céu?
Não há outro em quem eu me compraza na terra.
Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam,
Deus é a fortaleza do meu coração
e a minha herança para sempre (SI 73.25, 26).
Uma coisa peço ao Senhor,
e a buscarei:
que eu possa morar na Casa do Senhor
todos os dias da minha vida,
para contemplar a beleza do Senhor
e meditar no seu templo (SI 27.4).

Se seu coração anseia por concentrar-se assim em Deus, então como desejar e alegrar-se em "coisas" sem tornar-se um idólatra é uma questão crucial. Como a oração pode glorificar a Deus se ela é uma oração por coisas? Ela parece glorificar coisas.

Naturalmente, parte da resposta foi dada no texto de Robinson Crusoé, ou seja, que Deus recebe a glória como o Doador todo-suficiente. Mas isso é apenas parte da resposta, porque pode haver um mau uso das coisas, mesmo quando agradecemos a Deus como o Doador.
O restante da resposta é dado por Thomas Traherne e por Agostinho. Traherne disse:

Você não se compraz no mundo corretamente enquanto não vê como um grão de areia demonstra a sabedoria e o poder de Deus, e preza em cada coisa o serviço que presta a você, manifestando a glória e a bondade de Deus à sua alma, bem mais que a beleza visível na sua superfície ou os serviços materiais que pode prestar ao seu corpo.

E Agostinho orou com as palavras abaixo, que provaram ser imensamente importantes em meu esforço para amar a Deus de todo o meu coração:

Ama-te muito pouco
Aquele que ama outra coisa junto contigo,
Que ele ama não por tua causa.

Em outras palavras, se coisas criadas são vistas e usadas como dádivas de Deus e como espelhos da sua glória, não precisam ser ocasiões para idolatria —se nosso prazer nelas é sempre também um prazer em quem as fez.

C. S. Lewis o formulou assim em uma "Carta a Malcolm":

Não podemos —ou eu não posso— ouvir o gorjeio de um pássaro simplesmente como um som. Seu sentido ou mensagem ("isto é um pássaro") acompanha-o inevitavelmente— assim como não se pode ver uma palavra conhecida impressa como um mero padrão visual. Ler é tão involuntário como ver. Quando o vento estrondeia eu não ouço simplesmente o estrondo; eu "ouço o vento". Da mesma maneira é possível "ler" assim como "ter" um prazer. Ou nem mesmo "como". A distinção deve tornar-se, e às vezes é, impossível; recebê-la e reconhecer sua origem divina são uma só experiência. Este fruto celestial espalha instantaneamente o aroma do pomar onde cresceu. Essa brisa suave sussurra da terra de onde sopra. É uma mensagem. Sabemos que estamos sendo tocados por um dedo daquela mão direita em que há delícias perpetuamente. Não é preciso haver agradecimentos ou louvor como um evento distinto, algo que se faz depois. O ato de experimentar a pequena teofania já é adoração em si.

Se nossa experiência da criação se torna uma experiência do pomar celestial, ou do dedo divino, então pode ser adoração e não idolatria. Lewis o diz ainda de outra maneira em suas meditações sobre Salmos:

Esvaziando a Natureza da divindade —ou, digamos, das divindades— você pode enchê-la de Deus, porque agora ela é portadora de mensagens. Há um sentido em que a adoração da Natureza a silencia —como quando uma criança ou um débil mental fica tão impressionada com o uniforme do carteiro que esquece de pegar as cartas.

Portanto, pode ser idolatria ou não, orar para que o carteiro venha. Se estamos apenas apaixonados pelos breves prazeres mundanos que seu uniforme nos traz, isso é idolatria. Mas se consideramos o uniforme um bónus grátis que acompanha o prazer real das mensagens divinas, então não é idolatria. Se podemos orar por um cônjuge, um emprego, por cura física, comida ou abrigo por amor a Deus, então mesmo nisso estamos centrados em Deus e não nos revelamos "egocêntricos". Estamos concordando com o salmista: "Não há nada na terra que eu deseje além de ti!" Ou seja, não há nada que eu deseje mais do que o Senhor, e não há nada do que eu quero que não me mostre mais do Senhor.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Os milagres do dinheiro e o dinheiro dos milagres

"A trajetória de vida de Macedo revela curiosa proximidade com números. Aos 17 anos ingressou como office-boy na Loterj - Loteria do Rio de Janeiro – trabalhando durante dezesseis anos como funcionário público. Deixou a carreira no funcionalismo somente em 1977, quando exercia a função de agente administrativo, para se dedicar exclusivamente à IURD. Diferentemente da maioria dos líderes pentecostais, freqüentou, no começo dos anos 70, os bancos universitários. Estudou Matemática na Universidade Federal Fluminense e Estatística na Escola Nacional de Ciência e Estatística, sem, contudo, concluir os respectivos cursos. Disto talvez decorra o fato de existir em Macedo, por trás da figura eclesiástica, também a de um empreendedor sempre à vontade com números e balanços contábeis. Tal preparo deve, naturalmente, ter contribuído para que viesse a ser reconhecido como negociador habilidoso, também no âmbito eclesiástico. Ricardo Mariano ainda observa tal característica, associando a projeção do movimento iurdiano à figura do seu líder, destacando a controvertida, mas funcional atuação desempenhada:


Parte do sucesso da IURD deve ser creditada a seu controverso líder, bispo Edir Macedo, sobre o qual não há unanimidade. Venerado por fiéis e subalternos, invejado e criticado por adversários religiosos e pastores concorrentes, acusado pela polícia, pela Justiça e pela imprensa de charlatanismo, estelionato, curandeirismo e de enriquecimento às custas da exploração da miséria, ignorância e credulidade alheias. Edir vai, em parte graças ao Diabo que tanto ataca, interpela e humilha, construindo a passos largos seu império.

A projeção financeira da IURD, que acompanhou o ritmo acelerado da multiplicação dos seus templos, também suscitou inúmeras polêmicas. Reportagens do início da década de 90 calculavam a arrecadação financeira dos templos em “cerca de 150 milhões de dólares ao ano”. Na ocasião da aquisição da TV Record, estratégias de captação de recursos ainda mais agressivas vieram à tona, a fim de garantir a compra dessa emissora e de várias outras estações de rádio adquiridas no período. Mário Justino, então pastor da IURD, relata sobre um megaculto promovido pela IURD no estádio de futebol da Fonte Nova, em Salvador – BA, com a presença de Macedo:

O bispo, depois de recolher os envelopes com as ofertas, denominadas de “sacrifício”, e com os pedidos de oração, que seriam levados para o Monte das Oliveiras, em Jerusalém, pediu aos seus seguidores baianos uma oferta especial para comprar uma emissora de rádio em Salvador, assim como seus fiéis cariocas o haviam contemplado com a Rádio Copacabana. – “Será que os cariocas têm mais fé que os baianos?” – referindo- se à multidão. – Não! – a resposta retumbou como um trovão. As ofertas vieram então em forma de dinheiro e jóias. Passamos três dias trancados em umas ala contando os sacos de dinheiro levantados no Fonte Nova. No final, o dinheiro foi depositado na conta da Igreja, no Bradesco, em Salvador. O ouro foi levado para o Rio de Janeiro e transformado em barras.

Um verdadeiro frenesi também foi causado na mídia pelas palavras de Macedo, proferidas numa concentração de fiéis que lotou o Estádio do Maracanã, com capacidade para mais de cem mil pessoas, na cidade do Rio de Janeiro: “Sacudam bem obreiros [as sacolas de oferta], para eles verem que estão vazias e só voltem quando estiverem tão cheias quanto um saco de pipoca”. Também foram impactantes as imagens que mostraram Macedo – em uma gravação em fita de vídeo – orientando seus pastores sobre como mobilizar os fiéis da Igreja a aumentar as contribuições financeiras. Tais imagens mostravam Edir Macedo, numa chácara, jogando futebol juntamente com a maior parte da liderança de sua igreja. Ao final daquela atividade, informalmente, ele passou a orientar os pastores sobre como deveriam agir na arrecadação de ofertas e na ousadia de conduzir a massa de fiéis:

Você tem que chegar e dizer: ó pessoal! Você vai ajudar agora na obra de Deus. Se quiser ajudar, amém. Se você não quiser ajudar, então Deus vai ajudar outra pessoa a ajudar, amém! Ou dá ou desce! Entendeu como é que é? Porque aí o povo vê coragem em você. O povo tem que ter confiança no pastor. Quer ver o pastor brigando com demônio! Se você mostra aquela maneira “chocha”, o povo não vai confiar em você. (...) Tem que ser o super-herói para o povo e dizer: Olha pessoal, vamos fazer isto aqui? É o grande desafio. Eu fiz isso. Eu peguei a Bíblia e disse: Oh! Deus! Ou o Senhor honra a sua palavra (...) e então joguei a Bíblia, que se despedaçou no chão. Fiz isso na igreja e na televisão. Então isso chama a atenção. O povo diz: Esse aí, pô, briga até com Deus! Cuidado, heim! Então tem aqueles que são tradicionais e dizem: Hi! Esse aí é um falso profeta... esse aí, então, não vai ser abençoado. Agora, têm outros que dizem: Puxa, há quanto tempo que eu queria isso, “poxa”, eu estou cansado de ler a Bíblia, de ler tantas palavras e não acontecer nada na minha vida. Então esse vai ficar do nosso lado. É tudo ou nada! E ele põe tudo lá. Quem embarcar está abençoado. Quem não embarcar fica. Então você nunca pode ter vergonha, timidez. Peça, peça, peça. Se, tem alguém que não quer dar, há um montão que vai dar. (...) O povo está cansado de falsa humildade. O padre é tão humilde, e não dá nada, não oferece nada. O padre com aquela maneira (...) e nós vamos lá, é isso mesmo, (sic) e bota pra quebrar, e vira cambalhota, e faz o povo ficar louco (...). Vejam o caso de Moisés, que se apresentou perante o povo com um cajado na mão – aquele mesmo que ele havia usado para abrir o Mar Vermelho e fazer tantos milagres no deserto - e perguntou: “a caso pode sair água dessa pedra?” Ele bateu com o cajado na rocha e então jorrou água e o povo ficou maravilhado. É também isso que vocês precisam dizer ao povo: quem aqui tem um cajado? O cajado é a fé e o “toque na rocha” significa a oferta de dez mil, cinco mil ou dois mil cruzados novos... Desafiem: se você tem o cajado, então use-o agora! Assim, as pessoas vão dar a oferta e o milagre vai acontecer...

Vários jornais e revistas, na ocasião, reproduziram denúncias sobre esse tema, como por exemplo, a revista Isto É (27/01/1996) e a Folha de S. Paulo 02/01/1996), que publicaram reportagens, apontando aspectos empresariais e de exploração financeira praticados pela IURD e apresentando dados de arrecadações, consideradas “exorbitantes”, de vários templos iurdianos.

Edir Macedo juntamente com a IURD também têm sido alvo de diversos processos criminais sob acusações de práticas escusas envolvendo dinheiro, tais como charlatanismo, vilipêndio do culto religioso etc. Exemplo disso se deu no dia 24 de maio de 1992, quando Macedo foi preso em São Paulo, acusado de charlatanismo, curandeirismo e estelionato. Sua prisão teve origem num inquérito aberto, em 1989, por cinco ex-fiéis alegando terem doado dinheiro e bens à igreja em troca de milagres, que não teriam ocorrido. O Ministério Público de São Paulo acatou a denúncia e determinou a prisão. Mas três dias antes de ser detido, Macedo também fora indiciado com base no artigo 15 da Lei do Colarinho Branco, acusado de usar a IURD como instituição financeira clandestina. A acusação principal era de que o bispo teria adquirido grande patrimônio, graças à sua atividade frente à Universal. Segundo o Ministério Público, o patrimônio pessoal de Macedo chegava, em 1992, ao equivalente a 100 milhões de reais. Vale observar que, antes, esse mesmo tribunal, a 21ª Vara Criminal de São Paulo, já havia absolvido Edir Macedo em outros dois processos. Um deles, que tratava de ataques contra cultos afro-brasileiros, acusava quatro pastores da IURD de terem invadido um templo de umbanda em Diadema, município da grande São Paulo, em abril de 1990. Nesse processo, Macedo foi acusado de estimular publicamente os ataques a adeptos daquela religião que, segundo ele, eram “adoradores do demônio”. Num outro inquérito, o bispo era acusado de vender “óleo bento” aos fiéis que participavam dos cultos de sua igreja.

Traduzida como símbolo da existência de perseguição religiosa no país, sua prisão também foi capaz de mobilizar fiéis, pastores e políticos evangélicos. Em primeiro de junho de 1992, preso há oito dias, “cerca de dois mil fiéis da IURD formaram uma corrente humana em volta da Assembléia Legislativa de São Paulo para protestar contra a sua detenção”. Entendendo ser esta uma questão de liberdade religiosa, líderes evangélicos também reagiram imediatamente. Logo vários políticos, evangélicos e não evangélicos, solidarizaram-se com Macedo. Curiosamente, até mesmo alguns dos segmentos religiosos que se sentiam concorrencialmente ameaçados pela atuação da IURD, uniram-se naquele momento, em prol de um interesse comum. Duzentos pastores protestaram na Assembléia Legislativa de São Paulo, argumentando que a prisão fora manipulada por grupos ligados ao setor de comunicações que a propriedade da Rede Record estava ameaçando, e os setores religiosos, que estavam tendo seus membros captados pelo discurso da Universal. Reunidos no interior da Assembléia, os pastores, representando 34 igrejas, e 30 deputados redigiram documento repudiando o ocorrido, o qual apresentava o seguinte teor:

O Brasil vive nos últimos dias momentos de preocupação no que diz respeito aos direitos de expressão religiosa e suas garantias constitucionais. Os 35 milhões de evangélicos em todo o país exigem o cumprimento da Constituição e o fim de todo tipo de discriminação religiosa.

Doze dias depois, Macedo foi solto. Vale ressaltar a habilidade sempre demonstrada por ele em lidar com as “regras do campo”, fato que lhe tem permitido grande capacidade de reverter obstáculos em benefício do grupo. Quando esteve preso, representou bem o papel de vítima, recorrendo comparativamente à imagem de sofrimento de Cristo e dos apóstolos. Dizia-se “orgulhoso de estar preso em nome de Deus”. Atrás das grades, ao conceder entrevistas ou deixar-se fotografar, aparecia lendo ou portando uma Bíblia. Até bem pouco tempo, quem tomava a Folha Universal para uma primeira leitura teria sua atenção despertada para uma imagem: em seu logotipo uma foto do bispo em uma cela de presídio, fazendo a leitura da Bíblia. A imagem no jornal ajuda a preservar e a manter vivo na memória dos fiéis o ato heróico do seu líder, cuja confiança se observa no depoimento de um obreiro da IURD:

O bispo não mente conforme as revistas e a televisão dizem por aí. Ele é um servo de Deus, dedicado, honrado, infelizmente, caiu nas garras da mídia, mas Deus fala através dele e as pessoas que têm fé crêem nisso. Eu a credito em tudo o que o bispo Macedo fala, pois sei que ele é iluminado, inspirado por Deus.

A confiança em seu líder, diante das experiências adversas que enfrentou, é destacada pela Igreja:

Calúnias, injúrias, difamações e ataques gratuitos somam-se a uma lista imensa de adversidades vividas pelo bispo Edir Macedo. Embora nunca se tenha aprovado nenhuma das acusações, ele não se deixou abater por nenhuma delas. Como lema principal de seu ministério, o bispo vive aquilo que prega e, diante das dificuldades, não se mostra nem mesmo cansado. O segredo, segundo ele é o emprego da fé sobrenatural, pois seus sonhos nunca foram baseados em emoções, mas sim na certeza de que com seu trabalho, aliado à ação do poder de Deus, tornariam-se realidade.

Ao se sentir afrontada pelas acusações de charlatanismo e abuso da fé popular, pela mídia e demais segmentos religiosos, a IURD também reagiu. Nos cultos, os jornalistas passaram a ser identificados como enviados do Diabo. Os fiéis receberam expressas orientações para não lerem nem darem crédito às notícias veiculadas na imprensa sobre a Igreja Universal e seus pastores, e de igual forma, para também não concederem entrevistas ou emitirem opinião a jornalistas sobre a Igreja:

Em meados de 1994, convictos ou tomados por paranóia de que havia uma conspiração em andamento para destruir a Universal, líderes da denominação proibiram todo e qualquer membro ou pastor de dar entrevistas ou esclarecimentos a quem quer que solicitasse. Além de jornalistas, pesquisadores passaram a não ser benquistos.

Em um grande evento realizado no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, na ocasião, Edir Macedo, em tom combativo e convocatório, exclamou: “Estamos sendo castigados e perseguidos pela imprensa como cão danado. Eles querem arrancar nossa cabeça. Mas isto só aumenta a nossa fé”.

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É isso!

Fonte:

WANDER DE LARA PROENÇA: “SINDICATO DE MÁGICOS: Uma história cultural da Igreja Universal do Reino de Deus - 1977-2006”. (Tese apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP – Universidade Estadual Paulista para a obtenção do título de Doutor em História. Orientador: Prof. Dr. Milton Carlos Costa. Assis, 2006.

Nota:

A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

LISTA DOS DEPUTADOS EVANGÉLICOS QUE VOTARAM CONTRA SALÁRIO MÍNIMO MAS JUSTO.






"Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e não o faz comete pecado." Tiago 4:17

"Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabe, e nada entendem. Andam em trevas." Salmos 82:2-5a


Abaixo segue a lista com os nomes dos parlamentares evangélicos que preferiram ser fiéis à orientação partidária, a serem fiéis aos princípios de justiça preconizados no Evangelho de Jesus, votando contra um salário mais digno para o trabalhador brasileiro.  

1. Anderson Ferreira
2. André Zacharow
3. Aguinaldo Ribeiro
4. Antonio Bulhões
5. Anthony Garotinho
6. Antônia Lúcia
7. Aureo
8. Benedita da Silva
9. Cleber Verde
10. Dr. Grilo
11. Edinho Araújo
12. Edmar Arruda
13. Edivaldo Holanda Junior
14. Eduardo Cunha
15. Erivelton Santana
16. Fátima Pelaes
17. Filipe Pereira
18. George Hilton
19. Heleno Silva
20. Íris de Araújo
21. Jefferson Campos
22. Jhonatan de Jesus
23. Josué Bengtson
24. Laercio Oliveira
25. Lauriete
26. Leonardo Quintão
27. Liliam Sá
28. Lincoln Portela
29. Lourival Mendes
30. Manato
31. Marcelo Aguiar
32. Mário de Oliveira
33. Márcio Marinho
34. Missionário José Olimpio
35. Neilton Mulim
36. Nilton Capixaba
37. Otoniel Lima
38. Oziel Oliveira
39. Pastor Eurico
40. Pastor Marco Feliciano
41. Paulo Freire
42. Professor Setimo
43. Ronaldo Fonseca
44. Ronaldo Nogueira
45. Sérgio Brito
46. Sueli Vidigal
47. Silas Câmara
48. Sabino Castelo Branco
49. Hidekazu Tayama
50. Vitor Paulo
51. Walter Tosta
52. Walney Rocha
53. Washington Reis
54. Zé Vieira
55. Zequinha Marinho

Para sermos justos, oferecemos também a seguir a lista dos parlamentares evangélicos cujos votos foram favoráveis à emenda que concedia o aumento maior do o oferecido pelo governo.

  1. Andreia Zito
  2. Arolde de Oliveira
  3. Bruna Furlan
  4. Fernando Francischini 
  5. Henrique Afonso 
  6. João Campos
  7. Jorge Tadeu Mudalen
  8. Onyx Lorenzon
  9. Romero Rodrigues
  10. Ruy Carneiro
  11. Vaz de Lima

Abstiveram-se  de votar: Lindomar Garçon e pastor Roberto de Lucena


"Ais dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres." Isaías 10:1

"Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes." Isaías 1:23a


Desta vez prefiro não fazer comentários e deixar que a Bíblia fale por si. Se é que esses homens ainda têm algum temor a Deus e reverência à Sua Palavra... Desculpem-me pelo tom, mas estou revoltado com esta bancada evangélida. Nojo!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Escola Dominical Ateísta



Tenho pregado em inúmeras igrejas das mais variadas denominações em boa parte de deste país. Em cada comunidade tenho procurado conversar com os pastores a respeito da EBD, e para minha surpresa, muitos têm compartilhado a idéia de que Escola Bíblica Dominical encontra-se em declínio em suas igrejas locais.

Segundo estes, a razão para o esvaziamento da EBD se deve a dificuldade dos membros assistentes em organizar sua agenda e tempo, o que evidentemente, corrobora para o esvaziamento de suas classes dominicais.

Contrapondo-se aos cristãos tupiniquins, pais ateus, com uma ótica diferente da vida, têm levado aos domingos pela manhã seus filhos a escolas humanistas visando ensiná-los a não existência de Deus. É exatamente isso que a Revista Time publicou em seu periódico, o qual reproduzo abaixo:

Segundo a Time, pais não cristãos tem entendido a importância de levarem seus filhos a centros humanistas onde possam aprender a como refutar os argumentos religiosos dos cristãos. De acordo com o Instituto para Estudos Humanistas, 14% dos americanos professam não terem nenhuma religião, e entre a faixa etária de 18 a 25 anos, a proporção sobe para 20%. A vida destas pessoas seria muito mais fácil, do que a dos ateus adultos, dizem, se eles aprendessem desde cedo como responder à maioria dos cristãos nos E.U.A.

É importante as crianças não parecerem estranhas, diz Peter Bishop que conduz a classe teen no Centro Humanista em Palo Alto. Outros dizem que a instrução semanal apóia a posição que é natural não acreditar em Deus e lhes dá um lugar para reforçar a moralidade e valores que eles querem que as crianças deles tenham.

O programa pioneiro em Palo Alto começou há três anos atrás, e comunidades em Phoenix, Albuquerque, N.M., e Portland, Orengo, planejam começar trabalhos semelhantes na próxima primavera. O movimento crescente de instituições para crianças de famílias de ateus também inclui Acampamentos de verão em cinco estados mais Ontario, e a Academia Carl Sagan, na Flórida, a primeira escola pública Humanista do país que abriu com 55 crianças no outono de 2005. Bri Kneisley que enviou o filho Damian de 10 anos, acampar em Ohio neste último verão, dá as boas-vindas ao senso de comunidade que estas novas escolhas lhe oferecem: Ele é uma criança de pais de ateu, e ele não é o único no mundo.

Kneisley, 26 anos, uma estudante da Universidade de Missouri, diz que percebeu que Damian precisava aprender sobre secularidade depois que um vizinho lhe mostrou a Bíblia. Damian era bastante convicto quando esse sujeito lhe contou esta surpreendente verdade que eu nunca tinha compartilhado com ele, diz Kneisley. Na maioria dos acampamentos tradicionais, o filho dela amava canoagem, além disso, o acampamento ateísta ensinou para Damian pensamento crítico, religiões mundiais e de livres-pensadores (um termo que engloba ateus, agnósticos e outros racionalistas) como o abolicionista negro Frederick Douglass.

O Programa Palo Alto Family usa música, arte e discussão para encorajar expressão pessoal, curiosidade intelectual e colaboração. Em um domingo de outono apode-se encontrar até uma dúzia de crianças de até 6 anos de idade e vários pais que tocam instrumentos de percussão e cantam hinos como Ten Little Indians, em vez de canções como Jesus me ama. Em vez de ouvirem uma história da Bíblia, a classe é Stone Soup, uma parábola secular.

No corredor na cozinha, as crianças mais velhas se concentram em uma conversação Socrática com o líder Bishop. Ele tentou conseguir que eles vejam como as pessoas são coagidas a renunciar as convicções delas e que poderiam não mudar as mentes delas de fato mas poderiam estar reagindo, uma lição importante para jovens ateus jovens que podem sentir pressão para confessarem acreditam em Deus.

Pais de ateu apreciam este ambiente. Isso é por que Kitty, uma atéia que não quis revelar o último nome para proteger a privacidade das crianças dela, traz à classe de Bishop toda semana. Depois que Jonathan, 13, e Hana, 11, nasceram, Kitty diz que ela se sentia socialmente isolada e até mesmo pensou em experimentar levá-los à igreja. Mas eles estão tendo discussões racionais, então mais confortáveis no Centro Humanista. Eu sou uma pessoa que não acredita em mitos, Hana diz. Eu aprecio bastante à evidência.

Pois é, enquanto isso neste tupiniquim país, em detrimento do movimento gospel, seguimos em frente, negligenciando a Bíblia e a Escola Dominical, fazendo atos proféticos, sincretizando o evangelho, além obviamente de dançar e cantar em boates gospel como se a vida fosse um grande mar de rosas.

Deus tenha misericórdia desta nação.

Renato Vargens

A música gospel e a proliferação de heresias.




Lamentavelmente a Igreja brasileira tem experimentado nos últimos anos uma variedade enorme de falsos ensinos. São tantas as heresias disfarçadas de "doutrinas" que é impossível não sentir-se envergonhado diante de tanta aberração. Infelizmente boa parte destas discrepâncias teológicas se deve as canções cantadas em nossas igrejas.

Ora, por favor, pare, pense e reflita nas letras das músicas que são tocadas nos cultos evangélicos. Sinceramente algumas delas são absurdamente ridículas, além obviamente de um mal gosto musical que denota a incompetência dos compositores. Se não bastasse isso, os princípios teológicos disseminados nestas canções são destruidores.


Sinceramente fico a pensar por que os músicos de nossas comunidades evangélicas não submetem suas "poesias" a pessoas qualificadas para que à luz das Escrituras avalie o conteúdo de suas canções.

Para piorar a situação algumas destas pérolas musicais descaradamente atentam contra o vernáculo ultrapassando em muito a liberdade poética fazendo-nos ruborizar diante de tanta ignorância. Junta-se a isso que os louvores cantados em nossas reuniões são extremamente antropocêntricos, o que nitidamente se percebe em nossos encontros congregacionais. Se fizermos uma análise de nossas liturgias chegaremos a conclusão que boa parte das canções que entoamos são feitas na primeira pessoa do singular, cujas letras prioritariamente reivindicam as bênçãos de Deus.

Pois é, numa liturgia preponderantemente hedonista, os evangélicos são extravagantes, querem de volta o que é seu, necessitam de restituição, determinam a prosperidade, tocam no altar, pedem chuva, cantam mantras repetitivos erotizando sua relação com Deus, desejando da parte do Criador, beijos, abraços e colo.

Caro leitor, sem sombra de dúvidas vivemos dias complicadíssimos onde o Todo-poderoso foi transformado pelos falsos apóstolos em gênio da lâmpada mágica, cuja missão prioritária é promover satisfação aos crentes. Diante disto, precisamos orar ao Senhor pedindo a Ele que nos livre definitivamente desse louvor, filho bastardo da indústria mercantilista gospel, o qual nos tem nos empurrado goela abaixo, conceitos e valores anticristãos cujo objetivo final não é a glória de Deus, mas satisfação dos homens.
Pense nisso!

Por: Renato Vargens
Fonte: http://renatovargens.blogspot.com/2010/02/musica-gospel-e-proliferacao-de.html

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

TRINDADE

Em defesa da Trindade [ 1.13.20-21 ]

Após a longa explanação da doutrina trinitariana, Calvino prepara-se para tratar das inúmeras heresias surgidas contra o verdadeiro ensinamento da Escritura. Ele lembra que seu propósito nunca foi adentrar em polêmicas, mas “conduzir pela mão aos que se deixam de bom grado ensinar” (1.13.21, p.143). Porém, é necessário tratar desse assunto, para que os fiéis não caiam no erro, de ir além da Palavra.
“Tenhamos o cuidado de aplicar-nos a esta questão com docilidade mais do que com sutileza, não inculcamos no espírito ou investigar a Deus em qualquer outra parte que não seja em sua Sagrada Palavra, ou a seu respeito pensar qualquer coisa, a não ser que sua Palavra lhe tome a dianteira, ou falar algo que não seja tomado dessa mesma Palavra.” (1.13.21, p.144)
Assim, é importante que tenhamos em mão mais uma declração doutrinária, para que possamos prosseguir. Já que trataremos das heresias, um bom resumo da ortodoxia nos será útil. Felizmente Calvino nos providencia uma, que nos servirá de guia nas seções posteriores. A citação é longa, porém necessária.
“Quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus entende-se uma essência única e simples, em que compreendemos três pessoas sem especificação, designam-se não menos o Filho e o Espírito que o Pai; quando, porém, o Filho é associado ao Pai, então se interpõe a relação, e com isso fazemos distinção entre as pessoas.
Mas, uma vez que as propriedades específicas implicam de si uma gradação nas pessoas, de sorte que no Pai estejam o princípio e a origem, sempre que se faz menção, simultaneamente, do Pai e do Filho, ou do Espírito, se atribui ao Pai, de modo peculiar, o termo Deus. Desse modo retém-se a unidade de essência e tem-se em conta a ordem de gradação, o que, entretanto, nada detrai da divindade do Filho e do Espírito.” (1.13.20, p.142)
Que meditemos nessa breve definição, para que possamos identificar os erros e não sermos contaminados por eles.

Mais sobre as Três Pessoas [ 1.13.18-19 ]

Uma das lições que aprende-se desde cedo em teologia é que nunca se encontrará em toda Criação um análogo perfeito para Trindade. De fato, todas as tentativas de explicar as Três Pessoas em Um acabam caindo em algum tipo de heresia, tal é a singularidade da natureza divina. Calvino está ciente disso quando nos diz que “para expressar a força desta distinção, não sei se convenha lançar mão de comparações à base das coisas humanas” (1.13.18, p.140). Assim, humildemente, é melhor concentrar-se naquilo que as Escrituras apresentam a respeito do Criador.
“Ao Pai se atribui o princípio de ação, a fonte e manancial de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria, o conselho e a própria dispensação na operação das coisas; mas ao Espírito se assinala o poder e a eficácia da ação.” (1.13.18, p.141)
Para aqueles que ainda têm dificuldades com o relacionamento entre as Pessoas e a Unidade de Deus, Calvino novamente se detém no assunto, ainda que reconheça a dificuldade da questão. Ainda assim, o reformador nos oferece uma boa explanação.
“Esta distinção está bem longe de contraditar a simplicíssima unidade de Deus, que se permita daí provar que o Filho é um só e único Deus com o Pai, porquanto, a um tempo, com ele compartilha de um só e único Espírito, mas o Espírito não é algo diverso do Pai e do Filho, visto ser ele o Espírito do Pai e do Filho.” (1.13.19, p.141)
O reformador também nos adverte a não pensarmos que alguma das Pessoas é menor que a outra, ou não possui as propriedades decorrentes da natureza divina. Ele menciona os pais da igreja, que sempre concordaram nesse assunto, destacando Santo Agostinho nessa seção.
“Cristo, em relação a si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Pai, é chamado Filho… O Pai, em relação a si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Filho, é chamado Pai. Quando se diz que Deus é Pai, em relação ao Filho, ele não é o Filho; quando se diz Filho, em relação ao Pai, ele não é o Pai; quando se diz que o Pai é Deus, em relação a si mesmo, e se diz que o Filho é Deus, em relação a si mesmo, ele é o mesmo Deus.” (citação de Da Trindade, 1.13.19, p.142)
Nosso relacionamento com Deus torna-se cada vez mais vivo quanto mais o conhecemos. Por isso, é bom que nos dedicarmos atentamente a esse estudo sobre o Deus Trino. Que saibamos reconhecer a majestade de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito.

FONTE: JOÃO CALVINO

Conhecidos de antemão

Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30
Todos nós, acredito, gostamos de conhecer e de sermos conhecidos. Talvez isso explique parte do sucesso das redes sociais da Internet, onde uma pessoa conhece alguém que conhece alguém, que se torna nosso conhecido, e por aí vai. Mas nada se compara a conhecer e ser conhecido de Deus. Nada como ouvir Deus dizer "eu te conheço desde sempre"!
O termo traduzido pela NVI como "conheceu de antemão" deriva de uma palavra grega (proginosko), que é formada por uma preposição que significa "antes de um certo ponto" e um verbo que significa "conhecer". Daí, conhecer de antemão. Mas a definição etimológica da palavra não transmite o seu real sentido. Na linguagem das Escrituras, não significa simplesmente alguma coisa da qual Deus toma ciência antes de um certo ponto, mas envolve um relacionamento favorável da parte de Deus. Conforme assinala Vine, "a presciência de Deus envolve sua graça eletiva". Podemos dizer que é um conhecimento eletivo.
Observemos agora o objeto desse conhecimento prévio de Deus. É um erro comum considerar que tal conhecimento envolve coisas ou eventos, como por exemplo a fé que alguém terá ou a aceitação de Cristo por um pecador. O texto diz "aqueles", referindo-se a pessoas. E de fato, sempre que o termo ocorre no Novo Testamento tendo Deus como referência, são pessoas e nunca coisas ou eventos os objetos desse conhecimento. Em Atos 2:23 ("este homem") e 1Pe 1:20 ("cordeiro sem mancha e sem defeito"), a pessoa conhecida de antemão é o Senhor Jesus Cristo. Nas outras, os conhecidos de antemão são "aqueles" (Rm 8:29), "o seu povo" (Rm 11:2) e os "eleitos de Deus" (1Pe 1:1-2). A fé nunca aparece na Bíblia como algo antevisto por Deus no contexto em que o preconhecimento de Deus ocorre.
Alguém poderá dizer que sendo o conhecimento de Deus de todas as coisas exaustivo, é óbvio que Ele conhece todas as pessoas. Porém, aqui temos que lembrar que o conhecimento de Deus não é mera ciência de fatos acerca de pessoas, e sim de um conhecimento relacional, que envolve uma escolha e uma decisão de ser-lhes favorável. Neste sentido, Deus não conhece a humanidade inteira, mas apenas aqueles a quem escolheu para serem recipientes da Sua graça.
Por isso que Ele pode dizer para alguns "nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!" (Mt 7:23), enquanto dá certeza a outros dizendo "o firme fundamento de Deus permanece inabalável e selado com esta inscrição: 'O Senhor conhece quem lhe pertence'" (2Tm 2:19). Outra vez diz "as minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (Jo 10:27).
Tendo compreendido isto, resta-nos atentar para a advertência do apóstolo: "mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?" (Gl 4:9). Saber-se conhecido por Deus nos dá a segurança que nenhum outro sistema pode oferecer. Pelo contrário, ignorar este fato pode nos levar a submeter-nos de novo a rituais sem eficácia alguma, visando fazer alguma coisa ou evitar outra para granjear o favor divino. Mas sabendo que fomos conhecidos por Ele desde a eternidade nos dá a convicção de que desde a eternidade Ele já nos é favorável.
Soli Deo Gloria
Clóvis Gonçalves é blogueiro do Cinco Solas

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Evangelho: Alguns Zombam, Alguns Esperam e Alguns Crêem

E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez. E assim Paulo saiu do meio deles. Todavia, chegando alguns varões a ele, creram: entre os quais estava Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e, com eles, outros. (Atos 17:32-34)


Em outras palavras, alguns zombaram, alguns esperaram e alguns creram. Ou, podemos dizer que a mensagem do evangelho produz em seus ouvintes provocação, procrastinação ou profissão.


Como a Bíblia explica estas diferentes reações? Os cristãos humanistas explicam as diferentes reações das pessoas ao evangelho pelo livre-arbítrio humano, mas eles não podem mostrar a coerência do livre-arbítrio humano em si mesmo, nem podem providenciar justificação bíblica para ele. Por outro lado, o próprio livro de Atos nos fornece a explicação apropriada, ou seja, que as pessoas respondem diferentemente porque Deus escolheu alguns e outras não:


No sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que haviam se reunido ali. Uma das que ouviam era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu o seu coração para atender à mensagem de Paulo (Atos 16:13-14. NVI).


No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra do Senhor. Quando os judeus viram a multidão, ficaram cheios de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo estava dizendo. Então Paulo e Barnabé lhes responderam corajosamente: “Era necessário anunciar primeiro a vocês a palavra de Deus; uma vez que a rejeitam e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos voltamos para os gentios. Pois assim o Senhor nos ordenou: “ 'Eu fiz de você luz para os gentios, para que você leve a salvação até os confins da terra' ”. Ouvindo isso, os gentios alegravam-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido apontados para a vida eterna (Atos 13:44-48).


Lídia creu no evangelho porque “O Senhor abriu o seu coração”, e aqueles gentios que creram no evangelho assim o fizeram porque eles foram “sido apontados para a vida eterna”. Visto que todos os que foram assim apontados também creram (13:48), e nem todos creram, segue-se que nem todos foram apontados para a vida eterna. Da mesma forma, em Atos 17, todos aqueles que foram apontados para a vida eterna creram, e o resto respondeu exatamente como eles deveriam como réprobos que são:


Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus... Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus (1 Coríntios 1:18, 22-24, NVI).


Devido à sua própria depravação e loucura, os réprobos consideram a mensagem do evangelho como loucura, mas nós podemos derrotá-los na argumentação:



Pois está escrito: “Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio de sabedoria, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação (1 Coríntios 1:19-21, NVI).


Extraído e traduzido do livro Presuppositional Confrontations de Vincent Cheung, páginas 75-76.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Apologética cristã não é pessimismo

Por Marcelo Lemos
Ao trabalharmos no combate as heresias, e aos abusos religiosos que ocorrem tanto dentro quanto fora da Igreja, devemos tomar o cuidado de não desenvolver uma “teologia de jornal”. Corre-se o risco, em meio ao combate, de assumirmos a posição de causa perdida, e passarmos a lutar apenas para não entregar os pontos, sem nutrir qualquer expectativa de vitória final. Chamo de “teologia de jornal”, pois creio que tal pessimismo não se baseia nas Escrituras, mas na avalanche de escândalos e heresias que nos rodeiam.
Ainda que o leitor não aprecie, como eu, a Teologia do Domínio, há de extrair alguma lição das palavras de Atanásio, apologista cristão que viveu entre 295-373 d.C.: “Quando o Sol nasce, a escuridão não prevalece; qualquer parte dela foi embora. Além disso, agora que a Epifania divina da Palavra de Deus tem tido lugar, a escuridão dos ídolos já não prevalece, e em todo o mundo, em todas as direções, são iluminados por Seus ensinamentos”.
Atanásio está refletindo sobre o avanço gradual do Cristianismo no Império Romano, que até então, havia estado completamente subjugado as superstições do paganismo. Engana-se, contudo, quem imagina que esse apologista viveu num tempo de “paz para o Cristianismo”. Nada mais longe da verdade. De fato, Atanásio defendeu a fé nos dias do Imperador Diocleciano, que foi um dos mais cruéis perseguidores dos cristãos, atribuindo-se a ele a tentativa de erradicar completamente a fé cristã. Aqueles dias são considerados a maior das perseguições.
Tempos depois, quando o Cristianismo gozava de maior transito no Império, e a Heresia Ariana avançava a galopes por toda a Igreja, Atanásio dedicou-se, sozinho, durante 40 anos a defender bravamente a Doutrina da Trindade; o que lhe custou ser exilado pelo governo cinco vezes. Em meio a tantas adversidades – muito maiores que as nossas -, ele continuava a lutar, não apenas para não se render, mas na expectativa que o Sol da Justiça dissiparia as Trevas. De sua perseverança e fé nasceu o ditado: Atharzasius contra mundum (Atanásio contra o mundo!).
Admitirmos a derrota histórica para as heresias que nos cercam, caracteriza falta de fé no poder do Evangelho. Quando o Evangelho é anunciado, a Cruz de Cristo ergue-se sobre tudo e todos, humilhando completamente os pagãos e seus ídolos, incluindo os pretensamente cristãos. O fato de que num país livre como o nosso, há tanta proliferação de engano e apostasia, serve apenas para mostrar o quanto temos sido falhos em anunciar o Evangelho, e o quanto os hereges tem se aproveitado da nossa falta.
O avanço da heresia a nossa volta não é testemunho da fragilidade do Evangelho, mas da nossa mornidão. O avanço do Evangelho se dá na medida da nossa obediência a Cristo: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim, poderosas em Deus para destruição das fortalezas, destruindo os conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo; e estando prontos para vingar toda a desobediência, quanto for cumprida a vossa obediência” (II Coríntios 10.4-6).
Quando for cumprida a vossa obediência. Não estamos acostumados a pensar nestes termos. É muito mais cômodo atribuir o avanço das heresias aos ‘sinais dos tempos’, pintando um Cristo que não é capaz de convencer mais que meia-dúzia de fiéis. Quando for cumprida a vossa obediência. Não se trata do fracasso do Evangelho, mas do nosso fracasso.
Talvez por isso, em países fechados para a Igreja, onde o Evangelho precisa ser anunciado em segredo quase absoluto, o Evangelho da Graça consiga prosperar tanto. Enquanto aqui vemos a prosperidade dos “vendilhões do templo”, em países como a China, o protestantismo já atingiu a marca de 40 milhões de seguidores. Não são quarenta milhões de “evangélicos”, o que poderia, no contexto brasileiro, significar qualquer coisa (infelizmente), mas quarenta milhões de seguidores de Cristo, dispostos até mesmo a sofrerem a mesma morte que seu Senhor.
Mas, se o Evangelho não é incapaz de romper as barreiras da morte instituída oficialmente pelo Partido Comunista Chinês, porque nos é tão complicado fazer o Brasil ouvir a pregação da Graça? Temos sido infiéis, é a única resposta que me parece razoável. Acreditamos na Verdade, mas defendemos que a vitória pertence ao erro. Somos adeptos da teologia da derrota – derrotamos a nós mesmos!
Meu convite hoje é refletirmos sobre isto: apologia não é péssimo, é guerra! E o Hino da Vitória do apologista cristão já foi escrito, a quase 2000 anos, por Atanásio:
“Desde que o Salvador veio habitar conosco, a idolatria não apenas diminuiu, mas está em declínio e gradualmente está deixando de existir. Do mesmo modo a sabedoria dos gregos: não avança, e está desaparecendo. Quanto aos demônios, longe permanecerem enganando o povo por meio da mentira, oráculos e feitiçarias, estão sendo vencidos pela Cruz, sem que seja necessário exorcizá-los! Por outro lado, enquanto a idolatria e tudo que se opõe ao Cristo enfraquecem, a cada dia aumenta o conhecimento do Salvador em toda a parte. Adoremos, pois, o Salvador, que está acima de tudo, todo-poderoso, Deus e Verbo, e condenemos aquilo que está sendo derrotado e riscado do mapa por Ele. Quando o Sol nasce, a escuridão não prevalece; qualquer parte dela foi embora. Além disso, agora que a Epifania divina da Palavra de Deus tem tido lugar, a escuridão dos ídolos já não prevalece, e em todo o mundo, em todas as direções, são iluminados por Seus ensinamentos”.
Amém!
Marcelo Lemos, do Olhar Reformado, que apesar de anglicano é otimista, escreveu para o Genizah.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

“Evangelho” para boi dormir




Por Clóvis Cabalau

A coisa está feia, irmãos. Não foi à toa que Deus nos advertiu, desde tempos idos, sobre o perigo da falta de conhecimento (Os 4:6). Quando estamos recém-convertidos, somos tal esponjas em poça d’água, absorvemos tudo, sem a devida noção de certo e errado, ávidos pelo novo de Deus. Mas, aqueles que prosseguem na caminhada, os mais atentos e questionadores, logo descobrem que nem tudo o que se ouve por aí tem fundamento bíblico - ou qualquer fundamento.

Veja bem: quero excluir desse comentário as clássicas quizilas teológicas entre arminianos e calvinistas, ou mesmo velhas pendengas doutrinárias entre assembleianos e presbiterianos, pentecostais e batistas tradicionais, as quais, via de regra, pairam no universo da hermenêutica, mas com seus respectivos amparos nas Escrituras Sagradas. Quero centrar fogo aqui nas invencionices que se vê por aí, fruto da “criatividade” ou da imaginação (in)fértil de certos pregadores. Chamo-as de “evangelho” para boi dormir, para enganar trouxa e desviar a atenção do Caminho.

Nessa seara, vemos os mais escabrosos absurdos, desde rosa ungida, “água benta” gospel, óleo santo do Monte das Oliveiras... entre outros amuletos, que em pouco se diferem de objetos místicos como pé de coelho, figa, trevo de quatro folhas ou cristais. Inventar talismãs milagrosos é contribuir com a formação de crentes supersticiosos, místicos, adestrados à idolatria de objetos e de falsos profetas.

Cito ainda pregações acerca de revelações miraculosas, no estilo toma-la-dá-cá, que garantem “bênção extra” àqueles que ofertarem altas quantias, sempre ao comando do “profeta” (estilo Mike Murdock, Morris Cerullo e Cia.).

Há ainda um perigo velado, alheio aos menos observadores e perfeito aos recebedores de bênçãos. Trata-se da prática de se pregar palavras ou idéias que não estão na Bíblia como se estivessem. Um exemplozinho clássico: “A Bíblia diz que o cair é do homem o levantar é de Deus”. Frases como essas são até “aceitáveis” dentro de um contexto ilustrativo, mas jamais precedida da afirmação “a Bíblia diz”, porque não diz. O que a Bíblia diz é: “(...)se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro” (Ap 22:18). E ainda: “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando (Dt: 4:2).

Sei que essa conversa não é nova. Aliás, o assunto é recorrente entre apologistas e estudiosos cristãos (recomenda-se “Erros que os Pastores devem evitar”, de Ciro Zibordi). Mas, volta e meia, vale lembrar o compromisso que se deve ter com o bom ensino da Palavra, com a doutrina apostólica, com o evangelho genuíno. Dizer que a Bíblia diz o que ela não diz é enganar os ouvintes, é dar mau testemunho, sem falar no risco de o pregador parecer pouco conhecedor das Escrituras.

Como igreja, temos um papel crucial na formação de cristãos firmados na verdade de Cristo, na solidez do aprendizado constante da Palavra (Os 6:3). Nessa missão, inclua-se a postura de não se omitir acerca do evangelho da cruz, do arrependimento, o que se difere radicalmente do “evangelho” açucarado de alguns líderes, preocupados em garantir números e numerários pomposos a suas igrejas. Fico pensando se certos pastores (ou apóstolos, bispos, etc), com suas aeronaves, carros importados, gordas contas bancárias e seus milhões de seguidores, conseguirão passar pela porta estreita (Mt 7:13) com tanta gordura “santa” a queimar. Enfim, cada qual sabe a missão que tem. É ou não é?



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Clóvis Cabalau é desenhista, pastor, jornalista e faz apologia do cristianismo no Púlpito Cristão

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Artigo sobre o BBB - crônica

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima terceira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE..

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.
Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína, Zilda Arns).

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar.... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

Fonte: [Index Reformado]