por Joel Beeke
Para
Calvino, a oração não podia ser realizada sem disciplina. Ele escreveu:
“Se não fixarmos certas horas do dia para a oração, ela escapará
facilmente de nossa memória”. Ele prescreveu várias regras para orientar
os crentes a oferecerem oração fervorosa e eficaz.
1. A primeira é um senso sincero de reverência.
Na
oração, precisamos estar “dispostos de coração e mente, como convém
àqueles que entram em conversa com Deus”. Nossas orações devem brotar do
“fundo de nosso coração”. Calvino recomendava uma mente e um coração
disciplinados, afirmando: “As únicas pessoas que se preparam devida e
apropriadamente para orar são aquelas que são movidas de tal maneira
pela majestade que, livres dos cuidados e afeições terrenos, se
aproximam da oração”.
2. A segunda regra é um senso sincero de necessidade e arrependimento.
Temos de
“orar com um senso sincero de carência e arrependimento”, mantendo “a
disposição de um pedinte”. Calvino não estava dizendo que os crentes
devem orar em favor de cada capricho que surge em seu coração, e sim que
devem orar penitentemente, de acordo com a vontade de Deus, tendo em
foco sua glória e anelando resposta, “com afeição sincera, e, ao mesmo
tempo, desejando obtê-la de Deus”.
3. A terceira regra é um senso sincero de humildade e confiança em Deus.
A
verdadeira oração exige que “abandonemos toda confiança em nós mesmos e
supliquemos humildemente o perdão”, confiando somente na misericórdia de
Deus para recebermos bênçãos espirituais e temporais, lembrando sempre
que a menor gota de fé é mais poderosa do que a incredulidade. Qualquer
outra maneira de nos aproximarmos de Deus promoverá o orgulho, que será
letal. “Se reivindicarmos algo para nós mesmos, por mínimo que seja”,
estaremos em perigo de destruir a nós mesmos na presença de Deus.
4. A regra final é ter um senso sincero de esperança confiante.
A
confiança de que nossas orações serão respondidas não surge de nós
mesmos, mas do Espírito Santo agindo em nós. Na vida dos crentes, a fé e
a esperança vencem o temor, para que sejamos capazes de pedir “com fé,
em nada duvidando” (Tg 1.6). Isso significa que a verdadeira oração é
confiante na resposta, por causa de Cristo e do pacto, “pois o sangue de
nosso Senhor Jesus Cristo sela o pacto que Deus estabeleceu conosco”.
Assim, os crentes se aproximam de Deus com ousadia e entusiasmo porque
essa “confiança é necessária à verdadeira invocação… que se torna a
chave que nos abre a porta do reino dos céus”.
Opressivas? Inatingíveis?
Essas
regras talvez pareçam opressivas — até inatingíveis — em face de um Deus
santo e onisciente. Calvino reconheceu que nossas orações estão
repletas de fraqueza e imperfeição. Ele escreveu: “Ninguém jamais
cumpriu esse dever com a retidão que lhe era devida”. Mas Deus tolera
“até o nosso gaguejo e perdoa a nossa ignorância”, permitindo que
ganhemos familiaridade com Ele, em oração, embora esta seja pronunciada
de “forma balbuciante”. Em resumo, nunca nos sentiremos como pedintes
dignos. Nossa inconsistente vida de oração é frequentemente atacada por
dúvidas, mas essas lutas mostram nossa necessidade contínua da oração
como uma “elevação do espírito” e nos impele sempre a Jesus Cristo, que
“transformará o trono da glória terrível em trono da graça”. Calvino
concluiu que “Cristo é o único caminho e o único acesso pelo qual temos
permissão de ir a Deus”.
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Fonte: Blog Fiel
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