DEFESA DA FE.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Isto é o Evangelho - John Piper


A Revelação da Glória de Deus em Cristo    
 Nós temos o evangelho — Cristo revelando a sua glória por meio do evangelho. O evangelho é boas-novas. E a proclamação do que aconteceu. A primeira geração de discípulos viu esses acontecimentos com seus próprios olhos. Desde então, para todos nós, a glória de Cristo é mediada por meio da proclamação daqueles fatos. Eis a maneira como eles o disseram: "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida... o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros" (1 Jo 1.1, 3).
A gloriosa Pessoa que uma vez andou neste mundo não é visível agora. Todos os atos decisivos dEle se encontram no passado invisível. Não temos quaisquer vídeos ou gravações de Jesus Cristo na terra. O que temos para nos ligar com Cristo, com a cruz e a ressurreição é a Palavra de Deus; e o seu centro é o evangelho. "Ó gaiatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?" (Gl 3.1.) Deus ordenou que a verdadeira realidade humana de Cristo atravesse os séculos por meio das Escrituras — e do seu centro esplendoroso, o evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado.
Esta foi a maneira como Paulo definiu o âmago do evangelho: "Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.3,4). Estas são as realizações indispensáveis do evangelho. Outras coisas são implícitas e, até, essenciais, mas estas são explícitas e essenciais.
A morte e a ressurreição de Cristo são os acontecimentos nos quais a glória de Cristo resplandece com mais intensidade. Existe uma glória divina na maneira como Jesus aceitou a sua morte e no que Ele realizou por meio dela. Por isso, Paulo disse: "Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus" (1 Co 1.23, 24). "A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus" (1 Co 1.18). Para aqueles que têm olhos para ver, existe glória divina na morte de Jesus.
E o mesmo ocorre com a ressurreição de Cristo. Paulo disse que, ao morrer, o corpo humano é semeado "em desonra" e "ressuscita em glória" (1 Co 15.42). Foi a glória de Deus que ressuscitou a Jesus. Também foi na glória de Deus em que Ele foi ressuscitado. Cristo "foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai" (Rm 6.4). Depois, o Pai "lhe deu glória" (1 Pe 1.21). Jesus mesmo disse após a sua ressurreição: "Não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?" (Lc 24.26.)
Por conseguinte, quando o evangelho é pregado em sua plenitude, e, pela poderosa graça de Deus, o poder de Satanás em cegar a pessoa é vencido, e Deus ordena à alma do homem: "Haja luz!", o que a alma vê e experimenta, no evangelho, é "a luz do evangelho da glória de Cristo". Este é o alvo da pregação do evangelho.
A Glória de Cristo é a Glória de Deus

A glória de Cristo, que vemos no evangelho, é a glória de Deus, por, pelo menos, três razões. Primeira, Deus ordena que a luz da glória venha a existir em nosso coração. 2 Coríntios 4.6 deixa isto claro: "Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo". Duas vezes este versículo afirma que Deus criou a luz: a primeira referindo-se à criação deste mundo ("Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz"); a segunda referindo-se à criação da luz em nosso coração ("Resplandeceu em nosso coração, para iluminação"). Portanto, esta é a luz de Deus. Ele cria e dá esta luz.
Entretanto, não podemos cometer o erro de pensar que, por Deus criar a luz em nosso coração, ela não é a luz objetiva da glória dos acontecimentos da Sexta-Feira da Paixão e da Páscoa. Paulo não estava dizendo que Deus cria a luz no coração à parte dos acontecimentos do evangelho. Não, a luz que Deus cria é "a luz do evangelho da glória de Cristo". Não é uma luz independente ou diferente da que Cristo revelou na História. Quando esta luz resplandece na alma, pela soberana criação de Deus, o que a alma vê é a glória de Cristo agindo no evangelho.
Portanto, temos de afirmar estas duas verdades, não apenas uma, ainda que pareçam estar em conflito. Primeiramente, temos de nos prender à verdade de que a luz espiritual sobre a qual Paulo falou, no versículo 4, emana, na verdade, dos acontecimentos do evangelho. A outra verdade é que Deus cria esta luz no coração. Não é causada pela pregação humana. É causada diretamente por Deus. Eis como Jonathan Edwards descreveu estas duas verdades:
A luz é dada diretamente por Deus, e não obtida por meios naturais... Não está relacionada a assuntos naturais como está ao fato da inspiração [das Escrituras], onde novas verdades são sugeridas; pois existe, por meio da luz outorgada, uma devida apreensão das mesmas verdades que são reveladas na Palavra de Deus; e, por isso, a luz não é outorgada sem a Palavra... a Palavra de Deus... transmite à nossa mente estas e outras doutrinas. A luz é a causa da noção em nossa mente, e não o senso da excelência divina dessas doutrinas, em nosso coração. De fato, uma pessoa não pode ter luz espiritual sem a Palavra... Como, por exemplo, a noção de que existe um Cristo, e que Ele é santo e gracioso, é transmitida à mente pela Palavra de Deus: mas o senso de excelência de Cristo devido à santidade e à graça dEle é obra imediata do Espírito Santo.
Portanto, a luz da glória de Cristo que resplandece por meio do evangelho é a luz da glória de Deus. E a primeira razão é que Deus mesmo ordena que a luz dessa glória venha a existir em nosso coração.

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